Há 500 dias vivo em uma ilha. A ilha Maternália.
Me lembro bem do dia em que vim parar aqui. Estava no salão
de beleza, cortando o cabelo e fazendo mão, pé e depilação, quando de repente a
bolsa estourou. Não, não foi a bolsa de valores. Muito menos minha bolsa de
mão. Foi a bolsa que carregava Matias.
A chegada na Ilha Maternália foi via tsunami, apesar de uma
gravidez em águas calmas. É que Matias quis vir antes do tempo e tive um parto
prematuro. Matias mal nasceu e foi levado de mim direto para uma incubadora. Foram
23 dias de UTI, com muito choro, muito medo de perdê-lo. Até que a água baixou,
uma nova ordem se estabeleceu e Matias saiu são e salvo do hospital. (A
história de toda a gravidez e dos primeiros meses de Matias você encontra no
blog Barrigudos, do UOL: http://barrigudos.blogosfera.uol.com.br/)
Por algum tempo vivi como uma náufraga isolada. Tínhamos
tevê, computador, internet e banho quente. Mas nos primeiros meses como mãe havia
pouca chance de utilizar esses luxos. As noites e os dias se confundiam e quem
ditava meu sono era Matias. Fiquei com profundas olheiras e começava a sonhar
quando piscava. Os cuidados pessoais foram para o brejo e, peluda, descabelada
e com sobrancelhas de taturana, eu estava à beira de ser capturada pelo Ibama
como espécie não catalogada. Torero, antes escritor, era um eficiente barqueiro
que nos trazia suprimentos do mundo exterior.
Com o crescimento de Matias, a realidade na Ilha Maternália mudou.
Ele passou a sentar, conseguiu engatinhar, fez um aninho, disparou a andar e
está começando a falar. E eu consegui retomar atividades cotidianas triviais como
escovar os dentes e passar condicionador no cabelo.
Há 500 dias descobri o que chamam de amor incondicional. Para
minha surpresa, não é só achar o filho a criança mais linda do mundo. Nem é tão
simples quanto colocá-lo em primeiro lugar e abdicar de coisas em prol
dele. É um sentimento profundo que faria
com que eu desse a vida por Matias.
Percebi que existem várias ilhas como a minha, de todas as
cores, formatos e tamanhos. Algumas contêm mais de uma criança. Outras têm inclusive
mais de uma mãe. Há até ilhas habitadas por pães (pais que são mães). São ilhas
e mais ilhas maternálias em todas as latitudes e longitudes do globo que se
comunicam (mesmo com idiomas diferentes), trocam receitas, indicam leituras,
dão dicas de médicos e de onde comprar roupas de bebês mais baratas. Juntas
formamos um arquipélago. O grande arquipélago maternal.
Ilhoas maternas, saudações!
A partir de agora estarei a postos para trocar informações.
Bons ventos e boa navegação!
Maria Rita, mãe do Matias.
Latitude: -23.530086
Longitude: -46.669927
e-mail: miss.barbi@uol.com.br
Pois é, é o trabalho mais árduo, mas ao mesmo tempo o mais bem pago. Um sorriso deles vale por um salário!
ResponderExcluirÉ verdade! Meio sorriso já basta!
ExcluirPS, não sei pq saiu como anônimo, mas é o Marcelo Lyra! PS 2 - Nessa foto o Matias tá lindo e com um sorriso de Zé Roberto prestes a fazer um trocadilho. PS- 3, ao tentar publicar esses PSs, descobri pq saiu anônimo. Para publicar como não anônimo eles pedem uma tal de URL, sei lá eu o que é isso!
ExcluirSeus lindos!!! Toda sorte do mundo e contem comigo sempre para registrar cada etapa emocionalmente querida da vida de vocês!!! saudades!!!
ResponderExcluirQuerida Simone! Obrigada pelo carinho, sempre! Beijos mil!
Excluir